Relacionamentos vergonhosos

Praticamente todas as pessoas cresceram num ambiente de vergonha. O sentimento de vergonha numa criança é avassalador. Ao ser julgado, criticada, castigada, a criança aprende que não é merecedora de ser autêntica, de ser quem é de verdade. O seu Dom é abafado e remetido para um recanto do inconsciente. Mais tarde, como adulto, irá criar laços afectivos que mostram o quanto se sente inadequado ou imperfeito. Ao fazer isto estará, inconscientemente a apontar o dedo a quem, na infância, a envergonhou e a afirmar "tu comigo erraste". Ao mesmo tempo irá tornar-se o juíz e carrasco de si mesmo, não se permitindo viver uma vida espontânea em que cada emoção é expressa de maneira apropriada.

Abaixo ficam algumas das características de qualquer relacionamento baseado na vergonha.

1. - Perdemo-nos completamente no amor do outro;

2. - Quando discutimos é como se estivéssemos a lutar pela própria vida;

3. - Gastamos imensa energia a adivinhar o que os outros pensam. Perguntamo-nos a nós mesmos o que a outra pessoa estará a pensar ou sentir, em vez de perguntar directamente à pessoa amada;

4. - Sai-nos muito caro o preço pago pelos poucos bons momentos da relação;

5. - Quando damos início à relação é como se assinássemos dois contractos, um consciente e outro inconsciente (este último garante que iremos sofrer);

6. - Culpamos a outra pessoa e culpamo-nos a nós mesmos;

7. - Desejamos a separação e quando acontece queremos a outra pessoa de volta;

8. - Sabemos que a dinâmica da relação irá mudar, mas queremos que se mantenha inalterada até ao fim;

9. - Sentimos com frequência que a outra pessoa controla o nosso comportamento;

10. - Sentimos uma atracção irresistível pelas qualidades positivas que vemos na outra pessoa e que há muito rejeitámos em nós;

11. - Com frequência dedicamo-nos a fantasias que não envolvem a outra pessoa;

12. - Procuramos o amor incondicional da outra pessoa que não conseguimos obter quando ainda crianças.

Uma das formas de curar este sentimento de vergonha é regressar à infância. Analisar com cuidado cada experiência em que nos foi dito que não podíamos, ou não merecíamos, ou não seríamos capazes, ou não devíamos. Observar cada situação e re-interpretar com uma observação que nos dê poder, em vez de no-lo roubar.

Comentários