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Até
há alguns anos a nossa vida era pautada por bons e maus momentos. Sabíamo-lo.
Era assim.
Nos
últimos anos, em parte devido à expansão das redes sociais, já não é assim.
Todos
os nossos “amigos” falam de energia positiva, de ser feliz, da imperatividade
de viver uma vida a dois, de preferência com um sorriso contínuo estampado nas
fuças.
Há
uns dias uma “amiga” postava no Facebook que era toda ela energia positiva.
Comentei que tal era ridículo. O cérebro está em constante actividade
eléctrica, em que é necessária uma carga positiva e outra negativa. Disse-lhe
ainda que se não houvesse noite não haveria legumes nem fruta. Claro que esta
“amiga” me “desamigou” – eu era a energia negativa que ela não precisava!
Esta
ideia de ser feliz e ir atrás dos nossos sonhos e fazer só o que nos alegra e
dá prazer está a levar muita gente a depressões profundas. Criam um ciclo
vicioso. Acreditam que deveriam fazer um trabalho maravilhoso, e encontram-se
numa fábrica de produção de cotonetes. Sentem-se mal por não estar a trabalhar
na fábrica de cabos eléctricos para Ferraris. E depois sentem-se mal por se
sentirem mal. E acreditam que se sentem mal porque o trabalho não lhes
proporciona prazer. Um ciclo vicioso que é alimentado por esta ideia do “Tu és
capaz!” ou “Nada é impossível”.
A
realidade é que há uma pessoa que escreve um livro que vende milhões de
exemplares. Isto não significa que todos irão ter o mesmo sucesso de vendas ao
escreverem a história da abelha que se apaixona por uma alface.
Comparamos
a nossa vida com aquilo que vemos nas redes sociais e isso leva-nos a estados
de ansiedade e/ou depressão.
Esta
é a realidade. Quando a vida não acontece como queremos e a consideramos
negativa, querer que seja diferente irá apenas aumentar o sofrimento. O oposto
também é verdade. Ou seja, quando a vida não acontece como queremos e aceitamos
que de momento é assim, leva-nos a um estado de paz onde a mudança é possível.
Podemos
não gostar do trabalho que fazemos, e no entanto este permite comprar
alimentos. Em vez de sonhar com a viagem ao Polo Norte, podemos estar felizes
por ter comida na mesa. Sim, há um pobre desgraçado que vai ao Polo Norte, e
desta vez não nos tocou a nós. É só isso.
Há a
vida real, com um nascer do sol radiante e rosas lindas e homens e mulheres
maravilhosos e empregos de sonho, e com tremores de terra que matam milhares, e
doenças degenerativas e acidentes de automóvel. E depois há a vida das redes
sociais onde apenas é permitido ser-se feliz, viver na luz (não sei que raio é
isto mais mantenho um espírito de curiosidade em relação ao assunto) e onde os
casais são tão perfeitos, mas tão perfeitos, que nem sequer fodem.
Em
vez de buscar um propósito de vida, talvez seja mais saudável buscar um copo de
água. E este copo de água é o propósito de vida por enquanto. Querer algo
grandioso digno de ser publicado no Facebook é o mesmo que ensinar um gato a
ladrar. Por mais que nos esforcemos a ensinar a criatura a ladrar, o
resultado será sempre um “miau”.
O
mesmo acontece quando procuro quem sou. É uma busca louca e sem fim. Por um
motivo muito simples: o nosso cérebro está biologicamente construído para a
adaptabilidade, ou seja, continuamente tenta adaptar-se à situação presente.
Logo, quem eu sou muda continuamente, de acordo com o ambiente e situação que
se apresenta.
Querer
ou desejar aquilo que não está a acontecer é o caminho da vítima. Há uma
diferença entre planear e criar estratégias e o impossível desejo de que a vida
aconteça como queremos. Caso não tenham reparado, a vida não nos pede
autorização. Vive-se.
Muita
gente acredita que é possível controlar a vida. Não é. Eventualmente a vida
encarrega-se de no-lo mostrar.
Isto
não significa tomar uma atitude passiva perante o que acontece. Pelo contrário,
significa aceitar o que acontece e definir estratégias para alterar o que acontece
sem uma expectativa de que tem que acontecer como queremos. Um exemplo: A vida
é mais fácil quando aceito a dor de dentes. E posso torná-la mais fácil indo ao
dentista. Chorar que não deveria ter uma dor de dentes não irá eliminar a
cárie. Queixar-me à amiga que me dói um dente não irá curar a dor. Enviar luz e
amor à cárie não a fará dissolver-se. Dentista. Dentista é a solução prática.
Em
vez de tentarmos alcançar uma vida perfeita, porque não ver a perfeição tal
como se apresenta neste momento?
E,por vezes,a vida encarrega-se de pôr as palavras que mais precisávamos de ler à nossa frente.
ResponderEliminarComo estas. Obrigada :)
Um abraço!
ResponderEliminarÉ verdade que estamos na era da Luz, Leveza, Positivismo... etc, mas não podemos esquecer que sem sofrimento não existimos e não avançamos. Por vezes é difícil de suportar a dor, queremos desistir, desaparecer e voltar quando tudo for perfeição e calmia.
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