Ser "frontal" ou ser adulto?

Há um oceano a separar o “agradar” do “ser adulto”. Entre o "ser frontal" e possuir espaço que permita que outros vejam a vida de maneira diferente.


Há pessoas que se dizem “frontais” e “honestas” e que não têm problemas em dizer o que realmente pensam acerca de um determinado assunto. E, nos dias em que se se sentem mais animadas, até afirmar que são quem são e não fazem nada para agradar, e quem está mal que se mude.

Isto é lindo. Lindo quando dito por uma criança de cinco anos. Porque um adulto que faz estas declarações obviamente que ainda não se apercebeu que é adulto e que as birras não lhe ficam bem. É um adulto sem filtros.

Agradar a outros significa fingir, fazer de conta, ou fazer um frete. Não é saudável, obviamente. Mas vejam se conseguem perceber a diferença entre o “agradar”, o “ser adulto” e o “sou criança em corpo de adulto e muito frontal acerca disso”.

Imaginemos a situação, real muitas vezes, de um grupo de amigos em que um deles é adepto do Benfica enquanto todos os outros são adoradores do futebol clube do Porto. Um dos portistas afirma que o porto é o melhor do mundo, o campeão, não há outro igual.
De acordo com a maturidade do benfiquista, as suas respostas possíveis serão:
“Ah, sim, claro.” – O que gosta de agradar.
“Compreendo que vocês são adeptos do Porto e as minhas preferências são outras, é ok vocês pensarem assim. Somos muito parecidos. Eu penso praticamente a mesma coisa acerca do Benfica.” – o adulto, adulto.
“O Porto?! Essa porcaria de clube?!?! Vê-se mesmo que não percebem puto de futebol! Então não se está mesmo a ver que o Benfica é o melhor do mundo?!” – o “frontal” e “honesto” que não guarda nada.

A pessoa “frontal” é muitas vezes acusada de “ter mau feitio”. Isto é uma forma adulta de dizer que a pessoa não tem filtros e vomita da boca para fora o que lhe vai na cabeça. Ou seja, acredita que as suas opiniões acerca de qualquer assunto são mais válidas do que as dos outros.  São as pessoas que julgam o sujeito em vez da acção. Em vez de afirmar que a sopa precisa de sal, preferem dizer que a cozinheira não sabe cozinhar. Estas pessoas, regra geral, têm muita dificuldade em ver a bondade da vida a acontecer diante dos seus olhos.

Há uma diferença enorme entre respeitar as opiniões dos outros e querer que os outros concordem com as nossas opiniões.
Muitas vezes temos um comportamento infantil quando a vida não acontece como nós queremos. Quando os outros não concordam connosco. Quando surgem desafios e acreditamos que somos merecedores de qualquer outra coisa menos o desafio à nossa frente.

Não temos que agradar aos outros. Mas também não temos que ter um comportamento infantil e atacar os que pensam e agem de forma diferente.

Agradar aos outros é típico da pessoa imatura, mas atacar a opinião ou comportamento do outro só porque é diferente é também imaturo.

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