A voz do Medo e da Fé

Em qualquer situação em que nos encontremos iremos sempre ter a opção de ouvir a voz do nosso medo ou da nossa fé.

O medo é aquela voz já bem conhecida que compara, julga e critica. Acredita que somos coitadinhos numa história em que nascemos para ser menos do que aquilo que somos. Esta voz agarra-se a qualquer evento, compara-o com situações do passado em que sofremos, e diz-nos que voltaremos a sofrer.

A voz da nossa fé é exactamente o oposto. Sabe que pode confiar na vida e que cada experiência é única e merecedora de existir. Não pede para que os outros mudem nem para que sejam diferentes. Aceita tudo o que está a acontecer.

A voz do medo surge nos primeiros anos de vida, quando os adultos à nossa volta nos dizem que não podemos fazer ou ser algo. Quando, por palavras ou acções, nos é dito que não somos capazes, não merecemos, não importamos ou não sabemos. Quando nos dizem que somos maus ou feios. Quando nos mostram que não somos especiais.

E esta voz do medo irá infiltrar-se na nossa sombra e repetir-se nas nossas mentes a cada minuto da nossa vida. O diálogo desta voz é qualquer coisa como:

“Quem pensas tu que és? O que irão dizer de ti? Nunca conseguirás atingir esse objectivo! A idade não perdoa! Só fazes asneiras. Lá estás tu outra vez a deixar-te levar pelos outros! Tem cuidado, pode ser perigoso! Não confies nos outros, podem magoar-te. Já foste magoado antes, queres voltar a sê-lo? Por mais que te esforces, nunca és capaz de fazer as coisas bem feitas! Meu Deus, estás tão feia! Ninguém gosta de ti. Se ao menos tivesses dinheiro... Se ao menos o teu companheiro te compreendesse... Era bom poder ir de férias para um lugar bonito, mas não tens dinheiro nem amigos... Lá estás tu a cair novamente na mesma ratoeira! Essa dor é capaz de ser um cancro! Meu Deus, e se eu estiver com um problema de saúde grave?! Estás cada vez mais gorda e feia, como é que alguém pode gostar de ti?!”

A voz da fé é diferente. É a voz que nos chega da nossa alma. Enche-nos de esperança e entusiasmo. Acredita em nós. Esta voz ouvimo-la menos vezes. O diálogo desta voz é qualquer coisa como:

“Tu és capaz! Arrisca, esta situação pode ser-te útil! Não desanimes! No passado magoaram-te mas isso não significa que te voltem a magoar. Tens já tanto na tua vida! Há tantas pessoas no mundo, irás certamente encontrar a pessoa ideal para uma relação íntima! Tu és corajoso e capaz! Vai em frente, não tens nada a perder! Os anos passam e a sabedoria aumenta! Tu sabes o que é melhor para ti!”

A voz do medo deixa-nos com um aperto no peito, mal-estar, doentes. A voz da fé deixa-nos tranquilos, calmos, em paz com tudo e todos.

Para ser capaz de ouvir e identificar estas duas vozes faça o seguinte exercício:

Comece por respirar calma e profundamente durante dois ou três minutos. E depois pense numa situação do seu passado que lhe foi dolorosa ou difícil. E ouça. O que lhe diz a vozinha dentro de si?... Como é que o deixa? O que sente? Esta é a voz do medo.

Pense depois numa situação do passado em que se sentiu cheio de entusiasmo, excitado, feliz e de bem com a vida. E ouça. Que frases ouve? Como é que se sente? O que diz esta nova voz? Esta é a voz da fé.

E a partir de agora, sempre que tiver que tomar uma decisão, vá dentro de si durante uns breves minutos. Ouça a voz da sua fé. Permita-se respeitar o que de mais sagrado há em si. E pergunte-se: se eu me permitisse respeitar-me, o que faria agora?

Boas escutas!

Comentários

  1. ...se eu permitisse respeitar-me, neste momento estaria a ler ou a escrever, a estudar ou a ensinar! As 3 primeiras premissas, vou cumprindo diariamente nas horas livres porque trabalho a fim de cumprir com os compromissos familiares - sou mãe e pai de 2 filhos - e a prova está nestas visitas ao seu blog. A 4ª premissa vai tomando forma no meu sonho, em grande medida porque tenho medo de que ainda não tenha grande coisa para ensinar a alguém!!
    É tudo relativo, eu sei! Haverá quem possa aprender comigo da mesma forma que eu aprendo com tanta e tanta gente.. a grande dificuldade em começar também reside no excesso de perfeccionismo que me move. E tudo o que é excessivo, prejudica-nos..
    Não fora a falta de coragem e abalançava-me na estruturação algo que pudesse dar-me a necessária confiança na certeza do caminho com o qual sonho diariamente...
    Não sei quando vai ser, mas sei que vai ser por aqui!

    Um beijinho, Emídio

    ResponderEliminar

Enviar um comentário