As nossas histórias servem para
nos identificar como únicos. Servem ainda para limitar as nossas
possibilidades. Mantêm-nos afastados dos outros apesar de desejarmos fazer
parte do todo, de um qualquer grupo.
As nossas histórias roubam-nos
energia vital, deixando-nos cansados, desmotivados e enfraquecidos. Quando vivemos dentro das nossas histórias
limitamo-nos a repetir hábitos e comportamentos que cansam.
As conclusões que tiramos das
nossas histórias transformam-se nas crenças da Sombra. Ao aceitarmos e vivermos
dentro das nossas histórias estamos na verdade a ser vítimas num jogo viciado.
Mas se nós não somos as nossas
histórias, quem é que somos?...
Temos medo que ao deixar partir
os nossos dramas iremos perder a nossa identidade. E, se perdermos a nossa
identidade, somos nada. Um vazio.
Faça o seguinte exercício: sentado e com as mãos sobre os joelhos
imagine que uma das suas mãos representa a afirmação “Eu sou Tudo” e a outra
mão representa “Eu sou Nada”. Faça inspirações calmas e profundas, imaginando o
ar, ao expirar, sair pelas suas mãos. Aos poucos começará a ter consciência do
significado destas duas afirmações. Nós somos de facto um microcosmo do
macrocosmo: somos tudo e nada. Quando se sentir preparado, após 5, 10 ou 15
minutos, deixe que as suas mãos se unam. Depois abra os olhos e dê a si mesmo
um grande abraço.
Só conseguimos sair das nossas
histórias pessoais depois de aceitar que somos Tudo e Nada ao mesmo tempo.
Vemos a nossa história como um
velho amigo. Sentimos o seu apoio, segurança e conforto. É aqui que a Sombra
começa a intervir. A nossa Sombra sabe que podemos ser muito mais.
Há um Eu Falso por detrás de cada
pedaço da nossa história. Ele acredita ser o herói ou vilão, a vítima ou o
predador. É assim que conseguimos manter a nossa história intacta e obter uma
paz temporária na previsibilidade da história.
Só que ao acreditarmos na nossa
história perdemos o contacto com o Divino. Podemos intelectualizar que somos Um
com a Vida. Mas nos cantos mais escuros do subconsciente não acreditamos porque
nunca sentimos, a partir do coração, a união com o Todo.
É importante saber que as nossas
histórias têm um propósito. São uma parte essencial da nossa evolução.
Escondida nos nossos dramas há informação valiosa.
As nossas histórias contêm todos
os ingredientes para sermos o melhor que podemos ser. Quais são os
ingredientes?...
-
Dor;
-
Sofrimento;
-
Triunfo;
-
Alegria;
-
Falhas;
-
Vitórias...
É importante manter presente que
a nossa dor tem um propósito. Serve para nos ensinar, guiar e dar-nos a
sabedoria que necessitamos em cada momento. Mas enquanto não fizermos as pazes
com a nossa história nunca estaremos livres para avançar.
O que conta a nossa história?
Simples:
-
Ninguém gosta de mim;
-
Eu não pertenço em lado nenhum;
-
Eu sou estúpido;
-
Eu sou incompetente;
-
Eu não sou bem-vindo;
-
Eu não sou especial;
-
Eu não sou merecedor;
-
Eu sou um inadaptado;
-
Eu sou insignificante;
-
A minha vida não conta para nada;
-
Eu sou um Zé-ninguém;
-
Eu não presto;
-
Eu sou um erro;
-
Eu sou mau;
-
Eu sou incompleto;
-
Eu não mereço ser amado;
-
Eu sou um falhanço;
-
Eu não posso confiar em ninguém.
Todas estas histórias têm como
tema de fundo apenas um destes cenários:
-
Não sou suficientemente bom;
-
Eu não sou importante;
-
Há algo de errado comigo.
Claro que cada um deles serve
apenas para afirmar o tema da história colectiva da humanidade, que é
precisamente: coitadinho de mim.
Temos que possuir a humildade
suficiente para saber que na verdade não sabemos que experiências precisamos
para sentirmos o ser completo e divino que reside dentro de nós.
Quem é que eu seria sem uma história?... Talvez livre, talvez presente.
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