Sabes qual é a tua idade emocional?


A melhor forma de sabermos a nossa idade emocional é comparando as nossas reações quando alguém que nos é querido tem um comportamento que nos afecta negativamente com o comportamento de uma criança. Como reage uma criança quando um progenitor não lhe faz a vontade?
 

  • A criança de dois anos chora, não sabe ainda usar a linguagem verbal e recorre às suas emoções, ao que sente, para comunicar o seu desagrado. Da mesma forma, o adulto não comunica o que lhe desagrada, fecha-se em silêncio, amua. Mostra o seu desagrado mas não informa o outro acerca do que fez ou disse. Espera que o outro saiba, adivinhe;
  • A criança de quatro anos faz birra, diz que não gosta do pai/mãe, atira-se ao chão em prantos, grita. Da mesma forma, o adulto parte para as acusações, insulta, usa expressões como “sempre” ou “nunca” (“Tu nunca te lembras que eu não gosto de licor Beirão!” ou “Chegas sempre atrasada!”), não permite um espaço para o diálogo, bate a porta ou afasta-se imediatamente;
  • A criança de seis anos de idade tenta esconder os seus sentimentos. Não conta aos pais os problemas que tem na escola ou com um dos irmãos. Finge estar bem com receio de ser envergonhada. O adulto com esta idade emocional mostra-se frio, insensível, afirmando não dar importância às ações ou palavras do outro (“Não há problema por te teres esquecido do meu aniversário, não dou importância a essas coisas.”).


——————-


Sinais que indicam maturidade emocional


É importante notar que não há adultos completamente resolvidos ou emocionalmente maduros a tempo inteiro. Por vezes todos nós caímos em comportamentos aprendidos na infância. Importante é termos a capacidade e maturidade suficientes para reconhecer quando o fazemos. Estarmos disponíveis para crescer.


  1. Um adulto compreende que o mau comportamento adulto é causado pelo medo ou ansiedade, e por isso não leva a peito os comportamentos desagradáveis dos outros;
  2. Um adulto tem consciência que aquilo que está a pensar nem sempre é compreensível para outros, muitas vezes é necessário explicar a mesma coisa com mais informação - e não culpa os outros quando não é compreendido;
  3. Um adulto sabe que por vezes faz asneira, apesar das boas intenções, pode falhar. Assim torna-se fácil pedir desculpa e/ou assumir que estava errado;
  4. A auto-confiança é baseada na consciência de que é ok falhar ou fazer asneira, e que há sempre a possibilidade de pedir desculpa ou alterar os planos;
  5. Um adulto não sofre por causa daquilo que outros possam pensar - sabe que todos nós por vezes temos atitudes idiotas;
  6. Um adulto consegue estar em paz com os pais que teve na infância porque sabe que fizeram o melhor que foram capazes tendo em conta as suas próprias infâncias e dificuldades de ser adulto. Os sentimentos de revolta para com os pais transformam-se em sentimentos de compaixão;
  7. Um adulto compreende o efeito das “coisas insignificantes” que se acumulam aos poucos e podem criar mal-estar - a pessoa que se atrasa, o revelar algo pessoal a um grupo de amigos, o esquecer de ajudar a arrumar a cozinha, um beijo de despedida;
  8. Um adulto compreende que quando alguém o critica poderá estar simplesmente a tentar chamá-lo a atenção da única maneira que é capaz. Compreende que por detrás da critica e mau humor há um adulto que sofre porque quer sentir-se amado mas não sabe como;
  9. Um adulto não amua, sabe que os amuos servem apenas para criar mal-estar. Em vez de amuar consegue explicar o que o incomoda ou cria instabilidade. Fala de um comportamento e não do sujeito (“quando tu não me ouves” é diferente de “tu não me ouves”);
  10. Um adulto sabe que a vida é demasiado curta para esperar que os outros o compreendam, por este motivo consegue dizer exactamente o que quer ou espera dos outros;
  11. Um adulto aceita a imperfeição do ser humano, desiste de esperar a perfeição em todas as áreas da sua vida. Compreende que raramente a vida acontece como espera e no entanto está em paz com a mediocridade do ser humano;
  12. Um adulto tem expectativas muito baixas acerca de praticamente tudo - esperar que as coisas não aconteçam como se deseja cria um espaço para a imperfeição de ser humano poder acontecer; 
  13. Um adulto consegue ver que os defeitos em qualquer ser humano são o que o torna humano. Para além disso, também há qualidades positivas que tornam qualquer ser humano especial à sua maneira;
  14. Um adulto sabe negociar qualquer situação. Por vezes cede e por vezes não;
  15. Um adulto compreende que o sentimento de amar alguém e o sentimento de desejar são incompatíveis. Sabe criar um espaço de amor e também um espaço de desejo;
  16. Um adulto sabe que por vezes é difícil estar ao seu lado. Compreende que todos nós, por vezes, nos tornamos pessoas difíceis;
  17. Um adulto perdoa-se facilmente e, assim, consegue também não dar muita importância quando outros falham;
  18. Um adulto compreende que em si, como em todos os adultos, há uma criança que por vezes nos leva a ter comportamentos menos apropriados - e não leva a peito estas situações ou comportamentos;
  19. Um adulto sabe que criar expectativas acerca de uma vida feliz é contraproducente. Em vez da felicidade saboreia os pequenos momentos de tranquilidade e bem-estar presentes no dia-a-dia;
  20. Um adulto dá pouca importância às opiniões dos outros, sabe que são só opiniões e se não forem construtivas então não merecem atenção;
  21. Um adulto está disponível para ouvir as queixas que o/a companheiro/a tem acerca de si. Não se justifica e em vez disso tenta processar o que é dito e compreender a experiência da outra pessoa;
  22. Um adulto não reage negativamente ao comportamento disfuncional dos outros - ouve e respeita o facto de que todos temos momentos de insanidade;
  23. Um adulto sabe que muitas das suas reações se devem à infância que teve - e que é assim para todos os adultos. Daí dar-se tempo para se compreender e compreender os outros;
  24. Um adulto sabe que um relacionamento saudável é feito de pequenos momentos bons e muitos momentos de confusão, não saber o que fazer, e pedir ajuda com o objectivo de compreender o outro em vez de simplesmente corrigir o outro;
  25. Um adulto lida com as suas ansiedades dizendo a si mesmo que se algo correr mal saberá dar resposta ou pedir ajuda - em vez de tentar acalmar-se imaginando um futuro rosa.

Comentários