Maturidade emocional


Como adultos experienciamos a vida da mesma forma que uma criança: o que está fora de nós afecta o que sentimos dentro de nós.

Uma criança depende dos adultos (não necessariamente um pai ou mãe) para viver. Vai buscar aos adultos uma certa segurança, apoio, nutrição, afecto. Isto é natural e é suposto ser assim.

A adolescência é o período de aprendizagem intensivo em que supostamente aprenderíamos a inverter este processo e desenvolveríamos ferramentas para  cuidar da nossa vida, ser os autores da nossa experiência. Muitas tribos têm os chamados rituais de passagem, os quais têm lugar entre os doze e dezoito anos. Não é por acaso que o nosso corpo, do ponto de vista biológico, está preparado para a reprodução por volta dos doze anos. Há uma maturidade biológica que se atinge, mas a maturidade emocional parece não existir.

Com a tendência cada vez maior de os progenitores cuidarem dos problemas dos filhos numa idade em que não é psicologicamente saudável, as criaturas adolescentes não ganham ferramentas para lidar com os desafios de estar vivo. Não aprendem a lidar com a rejeição, por exemplo. Buscam continuamente nos outros o seu bem-estar emocional, e tornam-se muitas vezes incapazes de assumir compromissos.

Como pode um adulto ensinar um adolescente que este não depende emocionalmente de outros, quando o próprio adulto é carente de atenção e validação?

O nosso cérebro continua programado para acreditar que a nossa vida depende literalmente das relações que criamos. Embora haja alguma verdade nisto, não dependemos emocionalmente dos outros para ter paz ou estar bem.

Na busca das experiências emocionais que nos são prometidas nos relacionamentos esquecemos que apenas nós somos responsáveis pelo nosso bem-estar.

Cuidar do meu bem-estar emocional permite-me estar presente para mim e, por conseguinte, para os outros.

Adultos criam ligações emocionais através do elogio, gratidão, compaixão, partilha de momentos. E desconectam-se emocionalmente através da crítica, do apontar defeitos, do estar insatisfeito e acusar os outros desta insatisfação.

E enquanto estivermos desconectados de nós mesmos, iremos desconectar-nos dos que nos rodeiam.

Como podemos cuidar do nosso bem-estar emocional? Dando-nos o que exigimos dos outros. Se o que queremos é um jantar romântico, um filme no sofá com pipocas, um passeio na natureza ou roupas bonitas, então para quê esperar que outros nos ofereçam isto se o podemos oferecer a nós mesmos? E se a ideia de um jantar íntimo sozinho é algo que não te apraz, então compreenderás que outros poderão também não gostar da tua companhia. A companhia que nos fazemos quando estamos sós será a companhia que iremos ter quando estivermos com outros.

Observa a relação que crias com filhos, amigos, amantes. Estás mais ocupado em tentar corrigir o outro, em mudá-lo, ou optas por ver o que há de bom nesta pessoa? Iremos fazer aos outros o que fazemos connosco. Quanto mais julgo negativamente a pessoa que sou, mais irei julgar depreciativamente aqueles que me rodeiam. Por outras palavras, quando me trato mal a mim, irei tratar-te mal a ti. E quando me trato bem a mim, irei tratar-te bem também.

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