Algumas coisas que aprendi nos últimos dez anos (mais ano, menos ano)

Quando alguém grita ou nos acusa de algo, fá-lo a partir de um espaço em que se encontra confusa. Não tenho que reagir à confusão de outra pessoa.

Enquanto precisar que outros gostem de mim terei que me esforçar para ser uma pessoa “de bem” (o que quer que isso seja). Dá muito trabalho precisar que outros gostem de mim.

Antes de falar é uma boa ideia questionar-me se o que vou dizer é útil aos outros e/ou se há bondade nas minhas palavras. Se a resposta for um “não”, ficar calado é a melhor opção.

Não são as pessoas que me magoam, são as histórias que eu conto acerca das pessoas. E tenho sempre a escolha de me ausentar (nem que seja mentalmente para o meu paraíso lah-lah).

Amar outro ser humano significa tão-só estar presente e esperar absolutamente nada.

Não há nada que eu possa dar que o outro não se possa dar a si mesmo. Então nunca dou nada ao outro, dou a mim: o saber que tenho esta capacidade de dar sem esperar receber.

Viver sem precisar do que quer que seja é o caminho para a paz e amor-próprio.

Criticar outro ser humano só faz com que haja mais um ser humano a sofrer. Os benefícios de atacar outro ser humano podem ser vistos numa mão vazia.

Ficar chateado com outra pessoa, amuar, fechar-me, só produz mágoa.

Esperar que outro me compreenda é esperar pelo dia de ontem. Não acontecerá.

O dia em que aceitar que a vida funciona sem a minha autorização, em que sei que não controlo o que quer que seja, em que cada ser humano faz o melhor que é capaz, é o dia em que há menos um ser humano a participar no sofrimento.

É impossível sofrer quando estamos presentes no momento. Apenas a mente que viaja a um passado que já não existe ou a um futuro que não existe pode sofrer.

Estar presente é a capacidade de observar o que está presente sem um rótulo de bom ou mau, certo ou errado, bonito ou feio. Aquilo que está a acontecer é aquilo que está a acontecer. E é sempre uma história.

É ok os outros esperarem algo de mim. Se posso dar o que é esperado de mim, óptimo. E se não posso dar o que é esperado de mim, óptimo.

Impingir aos outros a minha experiência de vida é ensinar que os outros estão errados. Ninguém está errado. Todos temos experiências de vida diferentes e todos estamos a acreditar numa qualquer história.

Há uma diferença entre partilhar a minha experiência de vida e esperar que outros aceitem a minha experiência de vida como sendo a melhor.

Os outros irão sempre reflectir aquilo em que acredito. Se me causa desconforto aquilo que os outros fazem ou dizem, há algo acerca de mim que ainda não sei.

Os mestres, na minha experiência, são as pessoas que aparentemente me tentam magoar. Não magoam, despertam-me. Abençoados sejam.

É mais fácil amar do que odiar. O sabor de amar é doce.

Amar e esperar ser amado de volta é o caminho da violência.

Aprendi que a natureza humana é bondade absoluta. Sei isto porque sempre que não há bondade nos meus actos ou palavras provoco sofrimento.

É mais fácil gostar das pessoas por serem quem são do que gostar das pessoas porque dizem sim ou estão disponíveis (um dia dirão não ou não estarão disponíveis, garantido!).

Sei que as únicas pessoas que não gostam de mim são aquelas que me trazem algo para eu aprender.

É duro carregar algo de negativo. E enquanto eu não aprender, alguém tem que carregar o negativo. De que outra forma acordaria eu?

Querer aquilo que não tenho é outra forma de criar violência à minha volta.

Em qualquer momento posso observar a bondade da vida ou posso queixar-me. A escolha é minha.

A única situação em que vejo utilidade numa queixa é numa consulta médica. E mesmo nesta situação não consigo ver queixa, apenas um partilhar factos com alguém que pode ajudar.

Eu não vivo, a vida vive-se em mim. Eu não mando, a vida manda. E em cada momento faço o melhor que sou capaz, como todos os seres humanos neste planeta.

Dizer que alguém está errado dói. Ninguém está errado, apenas uma forma diferente de ver a vida.

Nesta vida irei experienciar tanto quanto a vida me quiser oferecer. Pode ser uma caixa de chocolates ou um cancro. Amar a vida como se apresenta é viver. Querer que a vida seja diferente daquilo que é, é sofrer. E isto não significa uma atitude passiva. Se é uma caixa de chocolates, comem-se. Se é um cancro, vai-se ao médico.

Não acredito que amanhã a vida será melhor. Agora é melhor. E nem isso. Como posso comparar o que aconteceu ontem com o que está a acontecer agora? Esta comparação implica acreditar que é possível agora existir ontem. Não é.

O primeiro passo para a paz é fazer as pazes com o pai e a mãe da nossa imaginação (aqueles seres que existiram ontem). Qualquer situação de mal-estar do passado pode ser vista como uma lição ou como um ressentimento.

Não me é possível ajudar outro ser humano se não sou capaz de me ajudar a mim.

Enquanto acreditar que preciso de algo não estarei cem por cento disponível para este momento nem para a pessoa à minha frente.

Acreditar que a vida deveria ser diferente daquilo que é. Aqui está a receita para o sofrimento.

Vivo rodeado de pessoas amorosas. Fui o último a descobrir isto. A pessoa que afirma não gostar de mim mostra-me apenas onde eu ainda estou confuso. Poderia esta pessoa ser mais amorosa?

Amo os outros por motivos inteiramente egoístas. Sinto-me bem quando amo. Esperar que este amor seja devolvido é criar um espaço para a desilusão.

O mais delicioso da vida é isto: quem não acredita em mim ou no que eu penso tem razão.

É ok.

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