Uma vida amorosa em cinco passos simples


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1. A melhor resposta a qualquer tipo de provocação: ok.
Sempre que alguém tem uma opinião diferente da nossa não significa que a nossa opinião é a válida nem a verdade absoluta. Em realidade, cada um de nós tem uma experiência única da vida e, por conseguinte, uma opinião diferente. Quando alguém acredita que estamos errados, ou que somos estúpidos, ou que não sabemos, está apenas a informar-nos de como nos experiencia na sua história. E, de acordo com a visão do outro, é natural nós estarmos errados ou sermos estúpidos. Afirmar um “ok” significa apenas que respeitamos a forma como o outro nos percepciona. Não ficamos mais bonitos ou feios, não iremos receber mais ou menos salário, não ficaremos cegos. Em realidade, por responder um “ok” a única coisa que acontece efetivamente é a nossa paz.

2. Se o que vou dizer não acrescentar bondade à vida do outro, nem for informação útil ao outro, há uma forte probabilidade de eu não estar a ouvir-me.
Antes de dizer o que quer que seja ao outro verifico a bondade ou utilidade daquilo que vou informar. Isto semi-exclui o humor, cuja bondade está no efeito causado: riso. Quanto daquilo que dizemos ao longo do dia é realmente útil ao outro? Queixar-me não provoca qualquer solução a menos que me queixe à pessoa certa. E se for à pessoa certa não é queixa é um pedido de ajuda. Falar mal dos outros revela apenas o meu carácter. Se durante o dia me acontece algo desagradável, falar sobre o assunto a outros é apenas espalhar o que é desagradável. Antes de falar, ouço-me. Muitas vezes aquilo que tenho para dizer ao outro é algo que eu preciso de ouvir.

3. O que os outros pensam, fazem e dizem não me diz respeito. Só me diz respeito aquilo que eu penso, faço e digo.
Não é mesmo da minha conta o que acontece na vida dos outros. Se alguém aparenta estar mal, posso voluntariar-me para ser de ajuda, mas não posso fazer aquilo que só o outro pode fazer. Ajudar sem que me tenha sido pedida essa ajuda irá trazer consequências negativas a ambos. Exceptuam-se os casos em que não é necessário sequer pedir ajuda. Ver alguém cair e ajudar a levantar-se, afastar alguém de um animal perigoso, levar ao hospital alguém a precisar de cuidados médicos imediatos. Isto são as situações em que não é necessário esperar um pedido de ajuda. Quando alguém aparenta estar triste ou magoado, frustrado ou zangado, é uma boa ideia respeitar o estado de espírito da pessoa. A pessoa neste estado encontra-se a digerir qualquer situação, da melhor maneira que é capaz. E se nós pudermos ser de ajuda, ela irá solicitar essa ajuda. Se o não fizer, bem, a realidade é que não somos bruxos para adivinhar.

4. Perante uma crítica posso defender-me, e dar início ao conflito, ou posso respeitar a crítica do outro como uma opinião apenas.
Sempre que alguém me critica ou aponta o dedo está em realidade a ver-se em mim. Está ainda a mostrar-me aspectos meus que eu mesmo desconhecia. Se alguém me acusar de eu não o/a respeitar e eu responder imediatamente, estarei a desrespeitar a opinião dessa pessoa. Críticas são sempre construtivas na medida em que me ajudam a compreender melhor o mundo do outro e o papel que eu desempenho nesse mundo. Não tenho que mudar a opinião do outro acerca de mim para eu me sentir bem. Em realidade é mais fácil sentir-me bem quando não tento mudar a opinião do outro.

5. Permitir um espaço entre aquilo que acontece e a reação aquilo que acontece.
Este é, na minha experiência, o ponto mais importante. Vivemos num estado reativo. Continuamente a reagir a tudo e todos. Esta atitude não permite que se crie um espaço para observar, contemplar, assimilar o que acontece. Muitas vezes a tristeza é uma emoção que nos visita a pedir-nos para ficarmos sós, para meditar, para compreender uma situação do ponto de vista do todo ao invés do ponto de vista do individuo. Um exemplo simples disto: alguém me dizia que não conseguia viver sem o marido. Pedi-lhe para observar a realidade. Quem é que lhe dava banho pela manha, quem a vestia e lhe dava de comer, quem a levava para o trabalho e fazia o trabalho dela? Ou o jovem que afirmava não conseguir viver sem a mãe que havia partido há dez anos. E no entanto, este jovem continuava vivo ao fim de dez anos sem a mãe. Ao criarmos um espaço, afastamo-nos das necessidades inventadas pela mente e podemos obter discernimento. As necessidades da mente são três apenas: aprovação, validação e amor. Sem estas necessidades, há um espaço onde é possível experienciar a paz.

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