sábado, 26 de março de 2011

Recebi este email ontem, da querida A.

Um ano depois de começar o Curso de Educação Emocional...

Olhei para a altura em que encontrava algo de bom para cada situação do passado, sobretudo o que vivi com o pai e tinha de fazer um esforço. Não sentia o que escrevia...

Ontem, observei o presente ... e numa conversa com o pai, apercebi-me que ele já não me conta a sua história de vitima da infância e da adolescência.

Conta-me novas histórias, que não me lembro alguma vez de ter ouvido. Vi uma pessoa corajosa, determinada, ousada, aventureira; uma pessoa que venceu graças às situações adversas.

De repente soltou-se uma voz: Sou eu, sou eu, sou eu! E ainda estou de boca aberta.

Não sei que é feito da pessoa que se lamenta e que me conta histórias de coitadinho. Não consegui mesmo ver !

A primeira vez que me apercebi disto foi este mês e pareceu-me curioso. Ontem à noite repetiu-se e foi aí que eu vi. Fui eu que mudei !

E disse-lhe ... afinal tu eras corajoso, aventureiro, bom comunicador, dinâmico, saías de qualquer situação difícil... ele ficou calado e depois disse... Bem é verdade! Eu fiquei de boca aberta e imóvel. Não tive qualquer outra reacção...

Agora estou a trabalhar a filha e estou parva com tanta coisa que estou a descobrir através dela.

O comportamento da filha (fez o que disse que ía fazer e não ligou ao que eu lhe dizia, ou seja, eu disse-lhe para ir para o ATL no intervalo das aulas e ela disse que não ia e não foi) e quando me perguntei de que forma faço o mesmo, comecei a ver inúmeras cenas do passado, que quando comecei este curso só via a vitima e agora saltaram com nova dimensão ... ex. Tinha 4 anos e ia varias vezes passar a tarde a casa de uma vizinha velhota e almoçava lá também. Uma vez eu disse que não queria comer porque não gostava da comida. A vizinha, zangou-se comigo, pegou-me pelo braço e levou-me a casa e disse à minha mãe que eu lhe tinha chamado ''velha'' e por isso não me queria mais em sua casa. A memória que ficou a repetir-se muitos anos foi '' injustiça. ela mentiu e eu disse a verdade''.

Ontem, quando me saltou esta memória veio de outra maneira: sorri para mim e disse-me ''eu tinha muita personalidade; já era muito corajosa; já me respeitava; a vizinha não devia saber lidar com a situação e inventou uma desculpa! ''

E a seguir a esta comecei a ver sem esforço uma série de outros eventos que rotulei estes anos todos de injustos, e só via o meu lado corajoso; o meu lado em que me respeitei, mesmo quando outros me '' abandonaram '' e esta não é a verdade; para chegar aqui, vi primeiro que eu é que me abandonei todas a vezes que considerei que outros me abandonaram, desde os 5 anos ... e como a emoção era forte, lembrei-me do que costumas dizer... encontra o oposto ... fui à procura e libertou-me quando encontrei nas mesmas situações as atitudes em que me respeitei, em que fui corajosa, em que fui ousada, em que fui amorosa ... e já não vi as outras.

Tenho percepção que só vemos uma coisa boa ou uma coisa má de cada vez. Não se consegue ver as duas. Quando estou a focar-me nestas atitudes corajosas, ousadas, determinadas, amorosas, estou a sentir uma emoção/energia que inunda o meu corpo de algo parecido com abundância, compaixão, aceitação, amor-próprio, gratidão... deus, não sei o que lhe posso chamar mas é isto que estou a sentir desde ontem.

Desde que comecei esta parte do Curso, que a maioria desistiu de fazer, entro várias vezes ao longo do dia em estado de observação e vejo mais do que todos os 8 meses anteriores do Curso; se pudesse dizer a todos os que desistiram ou os que estão a fazer e não pensam continuar, dizia-lhes ... não sabem o que estão a perder.

Quando cheguei a Dezembro acreditava que já tinha trabalhado muito o pai, a mãe, o marido, os filhos, a sogra ... mentira ... com a observação continua é que estou a ver mais, mas estou é a ver mais de mim !

Por outro lado estou também a encontrar resistência, dificuldade em dar resposta diferente às situações em que estou a querer agradar ... sinto-me sem controlo nenhum. Apanho-me inúmeras vezes ao longo do dia com intenções subtis, a dizer coisas e a ver em simultâneo a intenção que está por trás e estou consciente de estar a manipular. O receio do que possam pensar de mim; no trabalho está a acontecer todos os dias; com o marido também; com amigos; com vizinhos; com os filhos; mesmo encontrando as razões que estão por trás e sabendo que é mentira, não estou a conseguir de momento ter outra atitude. As desculpas e as explicações.

Neste momento agradeço-te por me dares estas ferramentas para trabalhar e agradeço-me por ter pegado nelas. Uma vezes consigo e outras não. Estou com a percepção de que isto é o principio. O Curso pode terminar mas o estado de observação de mim e da realidade não. E isso só depende de mim.

Um abraço muito apertado.

(o meu corpo e eu desfrutamos neste momento a sensação de plenitude ''está a valer a pena !'' ehehe :)))


NB - Só tenho a acrescentar uma recordação à querida A: eu não fiz nada. Nunca fiz mais nada a não ser observar-te e respeitar o teu processo, o teu caminhar. A vida é sempre deliciosa, quer estejamos acordados ou não. E o que observo é que tu, querida amiga, estás a acordar do sono profundo da mente. Poderia a vida ser mais deliciosa?

domingo, 20 de março de 2011

Pensamentos soltos que foram surgindo ao longo do dia de hoje

Um amante daquilo que é espera com alegria tudo o que possa vir na sua direcção. A vida, a morte, a doença, a perda, tremores de terra, bombas, tudo aquilo a que a mente possa chamar de “mau”. A Vida irá trazer-lhe tudo o que precisa, para lhe mostrar aquilo que ainda não ama. Nada fora de mim pode causar-me sofrimento. Apenas os pensamentos por questionar podem causar dor, tudo o mais é um paraíso.

Eu estou livre para ir a qualquer lugar, porque não consigo projectar perigo. Em realidade Emídio é apenas um conceito, e há algum tempo que deixei de acreditar em conceitos. Sem a história de quem o Emídio é, ou deveria ser, estou livre para ser uma expressão da Vida. Não há um lugar onde não possa ir. E eu adoro ir, porque adoro a viagem e a pessoa com quem viajo. Que pode ser a pessoa a ler isto. Uma mente que não acredita em si encontra-se em paz, a sanidade presente. Uma mente sem mentiras curva-se perante a beleza da sua reflexão no mundo à sua volta. Não adiciona nem subtrai nada à realidade. Sabe a diferença entre a realidade e a fantasia e assim não consegue conceber o conceito de perigo.

Qualquer pessoa que acredite no mal irá ter medo e, por conseguinte, sentir-se confusa. O mal é apenas mais uma história que nos impede de experienciar o amor. O que observo é que Deus, Universo, Fonte, é tudo, e é Amor Incondicional. Apenas a mente confusa é capaz de criar separação, de ver o mundo a duas cores. E se acredita no medo irá necessitar de se defender. Começa a guerra.

Não há nada mais carinhoso que uma mente aberta. Uma vez que não acredita naquilo que pensa, torna-se flexível, porosa, sem oposição, sem defesa. Nada a consegue dominar. Nada a consegue resistir. Mesmo a coisa mais impenetrável do mundo – uma mente fechada que precisa de ter razão – não consegue resistir ao seu poder. Eventualmente até a mente mais endurecida se torna flexível e fluida na presença da mente aberta.

As pessoas têm medo de ser nada. Mas ser nada é apenas um aspecto daquilo que é. Nada não só é um motivo para celebrar como também para sentir gratidão e não ter medo. Sem a história de stress em que a mente acredita – o mundo é perigoso, há mal, preciso de ganhar dinheiro – o stress desaparece. Quando não acreditas nos teus pensamentos apenas pode existir alegria e riso.

Apenas a mente que acredita nos seus pensamentos é capaz de criar a imperfeição.

Tudo na vida acontece sem a nossa aprovação. A rosa abre-se e deixa cair as pétalas. Eventualmente morre. Sem qualquer indicação da tua parte um carro buzina na rua, uma criança salta, o sol brilha, a tua amiga telefona-te. Sem qualquer interferência da tua parte os países entram em guerra, os teus pais discutem e os teus amigos falam nas tuas costas. Sem o teu consentimento crianças nascem, amantes abraçam-se e uma refeição é preparada. Poderia a vida ser mais deliciosa?... Tudo a acontecer para ti, para que te descubras. A vida, esta dança perfeita que te mostra continuamente quem és e não exige nada de ti.

Quando estou com uma pessoa pela primeira vez sinto uma torrente de gratidão e amor pela vida. Sei que toda a minha vida aconteceu para este momento especial. Para te ver e desfrutar desta oportunidade única de te amar por seres quem és e não quem eu gostaria que fosses. Não tenho uma história de ti, dedico-me a ouvir-te. A tua história, que é uma mentira, é tão deliciosa que é uma honra e um privilégio poder ouvir-te. Apenas a mente confusa acredita em histórias de sofrimento e separação. Mas não espero que me compreendas, nem exijo de ti outra coisa que não seres quem tu és. E neste espaço, sem qualquer expectativa, posso abraçar-te. Oh meu Deus, poderia a vida ser mais deliciosa?!

Ciência e Pseudociência

As redes sociais trouxeram consigo alguns benefícios, sobretudo no que toca a partilha de informação. Contudo esta partilha de informação si...